Como conheci Haroldo I
Deixe-me contar sobre o dia em que conheci Haroldo I, quando ele ainda era um jovem vigoroso, cheio de ambições que nem ele mesmo parecia entender completamente.
Foi no inverno de 850, mais ou menos, Hrafnkell e eu havíamos acabado de chegar em Trondheim.
Naquele tempo, Trondheim era apenas um vilarejo que mal se destacava no mapa - claro, mapas decentes eram tão raros quanto um troll educado.
Eu procurava abrigo e um bom hidromel para aquecer os ossos. Foi então que ouvi o nome Haroldo, um jovem que discutia com um fervor que faria qualquer jarl experiente parecer um novato. Sempre curioso, aproximei-me disfarçadamente, como quem não quer nada, apenas para ouvir melhor.
Haroldo falava sobre táticas de batalha com outros jovens, que o olhavam como se ele já tivesse conquistado meio mundo - o que, é claro, ainda estava por vir. Conversei com aquele jovem sem ter a menor ideia de que um dia ele seria um dos vikings mais importantes do mundo. Ok, talvez não o mais famoso, mas definitivamente alguém para se lembrar.
Eu me apresentei: “Saudações, jovem guerreiro. Sou Arvid Stormsson, um viajante das terras ao norte.” Haroldo me olhou com um olhar que misturava curiosidade e uma pitada de desconfiança. Ele então comentou que um viajante deve ter muitas histórias para contar, e eu, claro, não me fiz de rogado.
Compartilhei com ele minhas aventuras, desde as frias terras da Islândia até as misteriosas costas da Bretanha. Haroldo absorvia cada palavra, especialmente interessado nas táticas de guerra e alianças políticas que testemunhei. Era como se cada história fosse um mapa do tesouro para ele.
Me lembro também que, antes de eu partir daquela taberna em Trondheim, Haroldo, com um brilho travesso nos olhos, propôs um desafio de taberna - uma daquelas competições que tornam as noites longas mais curtas e as memórias mais turvas.
Ele desafiou-me a um jogo de "tafl", um antigo jogo de estratégia nórdico. "Vamos ver como um viajante se sai contra um futuro rei", ele zombou, com um sorriso que poderia iluminar um salão escuro. Para surpresa dele (e para ser honesto, minha também), eu ganhei. Mas não sem suar! Haroldo era um estrategista nato, cada movimento seu era como uma batalha em miniatura.
Depois, como se não bastasse, Haroldo sugeriu um duelo de histórias. Quem poderia contar o conto mais grandioso? Eu lancei um olhar para Hrafnkell, que pareceu revirar os olhos, como se dissesse, "lá vamos nós de novo...".
Com a taberna reunida ao nosso redor, contamos histórias que iam de dragões escondidos nas montanhas a encontros misteriosos com valquírias. Ao final, quando as velas mal ardiam, declararam um empate. Haroldo riu e disse, "Você é um adversário digno, Arvid. Mas não se esqueça, a história ainda não acabou."
E assim, deixei o jovem Haroldo pela primeira vez, sem saber que nossos caminhos se cruzariam inúmeras vezes no futuro. Essa primeira reunião, apenas um breve capítulo na longa saga de nossas vidas, foi o início de uma amizade que moldaria o curso de muitos eventos.
Ah, e tem a vez que salvei a vida dele - um momento que poderia ter reescrito a história como a conhecemos, talvez até mudado o próprio mundo! Mas essa é uma história para outra hora, uma história repleta de perigo, sorte e um pouco da astúcia de Hrafnkell.
E essa foi a minha lembrança do primeiro encontro com Haroldo I, um encontro que, na época, parecia apenas mais um dia na vida de um aventureiro viking, mas que se revelou um momento crucial na tapeçaria da história nórdica.
Um aceno nostálgico do início de uma grande jornada,
Arvid Stormsson