A primeira vez que vi e ouvi um canhão
Durante o Cerco de Constantinopla em 1453, um marco na história que ainda ressoa em minhas lembranças como os próprios canhões vi e que ouvi.
📜 Nota do diário: 29 de Maio de 1453
Ah, a primeira vez que ouvi o som de canhões! Foi uma experiência que abalou até mesmo um aventureiro veterano como eu. Aconteceu durante o Cerco de Constantinopla em 1453, um evento marcante que sinalizou o fim da Idade Média e que ainda ressoa em minhas lembranças como os próprios canhões que ouvi.
Estávamos cercados há semanas, a tensão entre os defensores da cidade era palpável, misturada com um sopro de desespero. Os guerreiros, vestidos em armaduras desgastadas pelo tempo e pelo combate, compartilhavam olhares que falavam de medo e determinação.
Mehmed II, o jovem sultão otomano, tinha em seu arsenal algo que nunca tínhamos visto: canhões. Estas máquinas de guerra, vastas como dragões adormecidos, cuspindo fogo e destruição, eram um espetáculo de horror e admiração. A pólvora, um ingrediente místico, transformava metal e pedra em mensageiros de morte. Mehmed, com sua visão e ousadia, havia trazido esses monstros para as muralhas de Constantinopla, mudando para sempre a arte da guerra.
No dia em que os canhões rugiram pela primeira vez, o chão tremia sob nossos pés, e o som ensurdecedor enchia o ar. Alguns dos meus companheiros caíram de joelhos, orando aos deuses por misericórdia, enquanto outros, tomados por um frenesi guerreiro, gritavam desafios para o céu. Eu mesmo, confesso, fiquei atordoado por um momento, o coração batendo ao ritmo desses trovões artificiais.
A batalha naquele dia foi intensa. Flechas e pedras ainda eram nossas respostas às monstruosas armas de Mehmed. A imagem daqueles canhões, e o medo que semearam em nossos corações, permaneceram comigo. Por sorte ou destino, escapei sem ferimentos graves. O mesmo não aconteceu com Thorvald Hrafngardr, um guerreiro de valor incomparável e um amigo leal, caiu heroicamente. Sua bravura e espírito permanecerão comigo sempre, mas essa é uma história de dor e honra que guardarei para outro momento. A perda de Thorvald foi um lembrete sombrio da brutalidade da guerra e do preço da coragem.
Ao cair da noite, o campo de batalha estava silencioso, exceto pelos gemidos dos feridos e o zumbido distante dos canhões, que ainda ressoavam em nossas mentes. Entre os soldados, as conversas eram sombrias. Muitos questionavam como poderíamos resistir a tal força, enquanto outros falavam em tom de admiração pelas armas otomanas.
Aquele dia foi um testemunho da mudança dos tempos, um prelúdio do mundo moderno que estava por vir. E, como sempre acontece, a vida segue em frente, adaptando-se às novas realidades, por mais estranhas ou aterradoras que sejam. Essa foi uma lição que carreguei comigo: a constante evolução e a capacidade de superar o inesperado.
Com um brinde aos dias de trovões e transformações,
Arvid Stormsson ᛝ