Diário: 29 de Maio de 1453

Página do Diário de Arvid Stormsson Data: 29 de Maio de 1453 À luz de uma vela trêmula, nos arredores de Constantinopla, escrevo após uma pausa forçada de sete dias.

Página do Diário de Arvid Stormsson

Data: 29 de Maio de 1453

À luz de uma vela trêmula, em uma tenda precária nos arredores de Constantinopla, escrevo após uma pausa forçada de sete dias. As linhas de meu diário tornaram-se testemunhas silenciosas da brutalidade desta batalha e da força implacável dos canhões de Mehmed II.

Desde o início do cerco, temos enfrentado uma sequência interminável de combates intensos. O estrondo dos canhões foi o prelúdio de cada novo dia, uma orquestra de destruição que abalava as muralhas e nossos espíritos. A cada impacto, pedaços da antiga cidade eram arrancados, como se uma fera colossal estivesse devorando suas defesas. As explosões, que ao início pareciam trovões distantes, logo se tornaram um terror constante, um lembrete da nossa situação desesperada.

Os confrontos corpo a corpo eram exaustivos. As linhas de batalha se entrelaçavam em um caos violento, onde cada movimento era uma dança entre a vida e a morte. Minha espada, que já havia visto inúmeras batalhas, cortava o ar com uma familiaridade amarga. A cada golpe, a cada bloqueio, eu via a face da guerra em sua forma mais crua e selvagem.

Mas a perda mais dolorosa foi a morte de Thorvald Hrafngardr, um guerreiro e amigo que lutava ao meu lado. Ele caiu sob o impacto de um estilhaço de pedra, um fragmento da muralha destruída pelos canhões. Em seus últimos momentos, ele me olhou com olhos que refletiam tanto dor quanto resignação. Segurando-o em meus braços, enquanto sua vida se esvaía, senti o peso de cada vida perdida nesta guerra. Sua morte foi um golpe brutal, não apenas físico, mas emocional, um lembrete da fragilidade humana diante da violência desenfreada. Sua morte, embora um golpe brutal, teve um consolo pois ele morreu com honra e coragem, garantindo seu lugar em Valhala. Prometi levar um amuleto seu para sua esposa, Ingrid Eriksdottir, como um símbolo de seu amor e bravura.

Nas raras horas de calmaria, eu conversava com Hrafnkell, buscando algum consolo em sua presença constante. Meu corvo, sempre um observador silencioso, parecia entender a gravidade dos eventos. Seu crocitar, normalmente cheio de astúcia e humor, era agora um som de companheirismo e compaixão.

Os recursos dentro da cidade estavam se esgotando rapidamente. A comida e a água, uma vez abundantes, agora eram luxos. O desânimo começava a se instalar entre os soldados. Conversas ao redor das fogueiras, que antes eram cheias de histórias e risadas, agora eram dominadas pelo medo e pela incerteza.

Como um guerreiro experiente, eu já havia testemunhado a face da guerra muitas vezes, mas o cerco de Constantinopla era diferente. Era uma demonstração de poder e tecnologia que desafiava tudo o que eu conhecia sobre combate e estratégia. Os canhões de Mehmed II, com seu poder destrutivo, não apenas mudaram o curso da batalha, mas também marcaram o início de uma nova era na arte da guerra.

À noite, enquanto as sombras da tenda dançavam com a luz da vela, eu me perguntava sobre o futuro. Que tipo de mundo surgiria das cinzas de Constantinopla? Como a guerra e a humanidade evoluiriam diante de tais armas devastadoras?

No final de cada dia, enquanto eu me preparava para descansar, eu fazia uma oração aos deuses. Agradecia por minha vida, pela proteção que me concederam e pela força para enfrentar outro dia. Era um momento de reflexão e gratidão, uma pausa na tempestade de ferro e fogo que nos cercava.

A batalha por Constantinopla continuava, e com ela, minha jornada neste mundo turbulento. Apesar dos horrores e perdas, eu permanecia firme, um guerreiro moldado pelas chamas da guerra, forjado pela resistência e pela esperança.

Com um coração pesaroso, mas nunca derrotado,
Arvid Stormsson ᛝ

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