O último encontro com Egill Skallagrímsson

Era uma noite de abril em 920 quando me encontrei pela última vez com Egill Skallagrímsson, quase um mês após a batalha que quase havia custado nossas vidas. Estávamos em uma pequena taverna em Hedeby, onde o calor do fogo contrastava com a frieza do mundo lá fora.

Era uma noite de abril em 920 quando me encontrei pela última vez com Egill Skallagrímsson, quase um mês após a batalha que quase havia custado nossas vidas. Estávamos em uma pequena taverna em Hedeby, onde o calor do fogo contrastava com a frieza do mundo lá fora.

Sentamos juntos e as nossas sombras se entrelaçando na parede, parecendo que ainda estávamos em uma batalha. Enquanto o hidromel dourado fluía de nossas canecas, nos olhos de Egill, havia um brilho melancólico, uma luz que falava de batalhas passadas e de um destino ainda incerto.

Falamos da batalha do mês anterior, de como a morte nos rondara de perto, tão próxima que podíamos sentir seu hálito gélido em nossos pescoços. Egill, com seu jeito de guerreiro e poeta, descreveu o campo de batalha com palavras tão vívidas que parecia que estávamos lá novamente, enfrentando espadas e sangue.

"Você salvou minha vida, Arvid" ele disse, sua voz embargada pela emoção."Eu teria sido mais um nome esquecido nas sagas, não fosse por sua lâmina rápida e olhos atentos."

Eu respondi, "Egill, meu irmão em armas, é o destino dos guerreiros se protegerem. Estamos entrelaçados nas teias do destino, forjados pelo fogo da batalha."

Foi então que Egill, com um gesto lento, retirou de seu pescoço um amuleto de metal, um artefato antigo adornado com símbolos rúnicos. "Eu quero que você tenha isto, Arvid" ele disse, colocando o amuleto em minhas mãos. "É um símbolo de proteção, um amuleto abençoado por Tyr. Que ele guarde você em suas futuras jornadas, como você me guardou naquela batalha."

Eu olhei para o amuleto, sentindo seu peso e o calor de sua história. "Eu o guardarei como um tesouro, Egill. E lembrarei sempre deste momento e de nossa irmandade."

Amuleto de Egill Skallagrímsson

Depois de alguns minutos de silêncio, Egill falou sobre sua vida, sobre as alegrias e as tragédias, sobre a poesia que brotava de sua alma como uma nascente eterna. Ele falou de sua terra natal, a Islândia, e de como sentia falta dos campos verdes e das montanhas imponentes.

"Eu partirei em breve para a Islândia" ele revelou, seus olhos perdidos em algum ponto distante, talvez em uma lembrança ou em um sonho. "Sinto que meu destino final está lá, nas terras onde nasci."

Eu ouvi, sabendo que o laço que nos unia estava prestes a ser estendido pela distância e pelo tempo. "Egill, você será lembrado nas sagas, não apenas como um guerreiro, mas como um poeta, um homem que entendeu a alma do mundo."

Ele sorriu, um sorriso que carregava em si a sabedoria e a melancolia de alguém que conheceu profundamente a vida. "Arvid, espero que nossos caminhos se cruzem novamente, seja nesta vida ou em Valhalla."

Então, movido por uma onda de emoção, Egill pegou um pedaço de pergaminho e começou a escrever. Suas mãos se moviam rapidamente, e suas palavras fluíam como um rio. Quando terminou, leu em voz alta o poema que havia composto, um tributo à nossa amizade e ao nosso encontro com a morte:

Em campos frios onde o aço canta,
Sob céus cinzentos, destinos entrelaçam.
Guerreiro cai, mas não se rende,
Como as árvores, resiste e se levanta.

Na dança mortal, o machado desvia,
Arvid, coração de fogo, alma de tempestade.
Juntos na batalha, juntos na vida,
Guerreiros até o fim, em coragem e verdade.

As palavras de Egill ecoaram na taverna, tocando as almas de todos que as ouviram. Quando ele terminou, houve um silêncio respeitoso, um momento de reconhecimento da profundidade daquelas palavras.

Com a aproximação da alvorada, nos despedimos. Um abraço fraterno, um aperto de mãos, e Egill partiu, desaparecendo na neblina da manhã. Fiquei ali, com o amuleto em uma mão e o poema na outra, sabendo que aquele era um adeus, mas também uma promessa de reencontro, em algum lugar, em algum tempo.

Com o coração cheio de lembranças e a alma aquecida pela amizade,
Arvid Stormsson ᛝ

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