Receita do lendário Skaldens Skål

Em um drakkar, entre o som das ondas e o canto dos marujos, conheci um homem chamado Gunnar, um mestre cervejeiro, um alquimista das bebidas, com uma barba que parecia ter absorvido o aroma de todas as ervas e especiarias que ele já havia usado.

Ah, deixe-me contar sobre a vez que me aventurei por acaso até um lugar chamado Birka, uma próspera cidade comercial na Suécia dos anos 900. Eu estava a bordo de um drakkar, um desses navios longos e elegantes, cortando as ondas geladas do Mar Báltico.

Entre o som das ondas e o canto dos marujos, conheci um homem chamado Gunnar. Ele era um mestre cervejeiro, um verdadeiro alquimista das bebidas, com uma barba que parecia ter absorvido o aroma de todas as ervas e especiarias que ele já havia usado.

Gunnar estava retornando de uma viagem de exploração — ele viajara por terras distantes em busca de novos sabores e técnicas para suas poções fermentadas. Ele falava com um entusiasmo contagiante sobre maltes, lúpulos e fermentos, e confesso que a maior parte passava por cima da minha cabeça como uma gaivota desinteressada.

Mas quando Gunnar mencionou ter descoberto uma receita única em suas viagens, minha curiosidade foi fisgada como um salmão voraz!

Com um convite que não pude recusar, segui Gunnar até sua taverna em Birka, um lugar aconchegante e cheio de barris de todos os tamanhos e formas. Era como entrar na caverna de um mago, se magos trocassem varinhas por canecas.

Gunnar apresentou-me uma bebida especial que ele havia aperfeiçoado, chamada Skaldens Skål. Era um hidromel como nenhum outro que eu havia provado — rico, complexo e com um toque de frutas silvestres.

Ah, mas a potência! Depois de algumas canecas, o mundo começou a girar mais rápido que uma roda de moinho em tempestade. Lembro-me de rir alto, de contar histórias, e depois... bem, depois não lembro de muita coisa. Acordei dois dias depois, deitado em um banco de palha, com a cabeça pesando mais que o martelo de Thor. Hrafnkell olhava para mim com um misto de preocupação e diversão.

Com uma ressaca que faria um gigante chorar, pedi a Gunnar a receita daquele hidromel mágico. Ele, generosamente, compartilhou. E agora, passo esta receita para você, mas com um aviso: é uma bebida para os fortes, para aqueles que não temem enfrentar o próprio destino em uma caneca.


Skaldens Skål (Brinde do Escaldo)

Ingredientes:

  • 4 litros de água
  • 1 kg de mel puro (de preferência escuro, para um sabor mais intenso)
  • 250 g de amoras ou outra fruta silvestre (para um toque frutado)
  • 1 maço pequeno de ervas aromáticas (como alecrim ou tomilho)
  • Levedura de hidromel ou de cerveja
  • Orvalho de Freyja da Ilha de Gotland, cerca de 10 ml de orvalho coletado ao amanhecer nas flores silvestresf

Instruções:

  1. Preparar o Mosto: Aqueça a água em um grande caldeirão até ficar morna, mas não deixe ferver. Dissolva o mel na água morna, mexendo continuamente.
  2. Adicionar Frutas e Ervas: Quando o mel estiver completamente dissolvido, adicione as amoras (ou a fruta de sua escolha) e as ervas aromáticas. Continue a aquecer a mistura em fogo baixo, permitindo que as frutas e as ervas liberem seus sabores.
  3. Adicionar Orvalho de Freyja: Este ato deve ser feito ao amanhecer, enquanto o mundo ainda está tranquilo e a primeira luz do sol toca a terra. Diz-se que esse ritual aprisiona a essência da alvorada na bebida, criando uma experiência que transcende o paladar comum.
  4. Resfriar e Fermentar: Deixe a mistura esfriar até a temperatura ambiente. Uma vez frio, adicione a levedura, seguindo as instruções da embalagem para a quantidade adequada.
  5. Armazenamento para Fermentação: Transfira a mistura para um recipiente de fermentação. Feche bem e deixe fermentar por pelo menos duas semanas. Quanto mais tempo fermentar, mais forte será o hidromel.
  6. Engarrafar: Após a fermentação, coe a mistura para remover frutas e ervas. Engarrafe o hidromel e deixe envelhecer por alguns meses. Quanto mais tempo, melhor.
  7. Servir: Sirva gelado ou à temperatura ambiente, dependendo da sua preferência.

Nota: Lembre-se, esta bebida é bastante forte e era muito apreciada pelos vikings após um longo dia de trabalho ou durante as celebrações. Beba com moderação e desfrute do sabor da história!


A receita do Skaldens Skål esteve guardada comigo por séculos. Eu nunca me aventurei na arte da fermentação - minha habilidade sempre foi mais para contar histórias do que para criar bebidas.

Mas em 1149, durante uma de minhas muitas viagens, parei em uma pequena cidade chamada Växjö, na Suécia. Lá, conheci uma taberneira chamada Ingrid, uma mulher de riso fácil e mão firme no balcão.

Ingrid era conhecida por sua habilidade excepcional em criar bebidas que encantavam os paladares mais exigentes. Em uma noite de partilha e amizade, revelei a ela a receita que Gunnar havia me dado séculos antes. Ingrid ficou tão encantada com a complexidade e o potencial da receita do "Skaldens Skål" que me prometeu bebida grátis por toda a eternidade.

Desde então, sempre que passava por Växjö, eu visitava a taberna de Ingrid, chamada O Machado e o Escudo. Era uma garantia de uma caneca cheia e de boas histórias. A taberna prosperou e passou por seis gerações, servindo como um ponto de encontro para viajantes, comerciantes e contadores de histórias por cerca de 150 anos.

Infelizmente, a história nem sempre é gentil. A taberna, junto com muitas outras partes de Växjö, foi destruída durante um ataque à cidade. O último descendente de Ingrid, um jovem cheio de sonhos e receitas, perdeu a vida naquele trágico evento. Com ele, muitos segredos e receitas foram perdidos, incluindo o "Skaldens Skål", que nunca mais foi recriado com a mesma maestria.

Essa história me serve como um lembrete da efemeridade das coisas: lugares, pessoas e até receitas. Ainda assim, a memória do "Skaldens Skål" vive em mim, e agora compartilho-a com você, na esperança de que essa lendária bebida possa, de alguma forma, ser revivida e apreciada mais uma vez. Skål!

Um brinde as aventuras!
Arvid Stormsson

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